sexta-feira, julho 13, 2007

Os cérebros dos clientes (parte 1)

Merecedor de um estudo aturado, o cérebro dos clientes não opera do mesmo modo que o cérebro do average man (ou woman... mas pensem no género neutro, para facilitar).

É, por exemplo, incapaz de processar mais de um par de conjuntos de dados em simultâneo.
Exemplo:

Envia-se um JPEG (#1) com o último estado da peça.
Ele responde por mail e pede para alterar a localização de uma frase e para clarear um fundo.

É efectuada a alteração, feitos novos JPEGs (#2) e enviados ao cliente.
Aprova (via mail) as alterações, mas agora informa que quer alterar uma descrição do produto.

É efectuada a alteração, feitos novos JPEGs (#3) e enviados ao cliente.
Aprova (via mail) as alterações e, apesar da descrição do produto estar agora de acordo com o seu pedido, quer um pouco maior e, já agora, clarear um pouco mais o fundo (alteração essa que já tinha aprovado).

É efectuada a alteração, feitos novos JPEGs (#4) e enviados ao cliente.
Aprova (via mail) as alterações. Ah, mas era para colocar o logotipo maior. Logotipo esse que esteve sempre presente nos JPEGs todos!!! Do #1 ao #4.


As alterações são pedidas ao bochechos, muitas delas seguindo o "processo científico" de experimentem lá isto para ver se eu gosto.
Claro que, na maioria das vezes, o cliente está no conforto do lar, sentadinho num sofá ou a brincar com os filhos e, de tempos a tempos, vai ver se lhe chegou mail, para poder fermentar mais uns quantos flatos mentais, que prontamente enviará como reply.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Porque é que o cliente é assim?

Por duas razões principais:

  • Porque acha que pode.
  • Porque nós o deixamos.

Acha que pode porque, como é ele quem paga, acha que se encontra abrangido pela velha máxima "o cliente tem sempre razão". Tal como tudo o resto neste mundo sempre em avanço, esta regra também evoluiu. De facto o cliente raramente tem razão (pois raramente sabe o que quer). Portanto, a já desgastada máxima deve ser reajustada para "o cliente paga para poder impor a sua razão" e, na minha opinião pessoal, devia ser sufixada por "por muito estranha que seja".

E porque é que nós deixamos? Pela mesma razão... porque achamos que o cliente se encontra abrangido pela velha máxima "o cliente tem sempre razão". Mas tal não é razão para termos de "baixar as calcinhas" e aceder a qualquer flato mental do cliente. É verdade que, se não fizermos o que o cliente quer, há milhentos outros "profissionais" (colocado entre aspas pois, neste caso, o seu profissionalismo é questionável) que estão dispostos a fazê-lo. Sim, esses são as "prostitutas" da área da publicidade que, a troco que uns euricos, fazem tudo o que o cliente quer e como ele quer.

Quem é o cliente?

O cliente é, segundo a definição etimológica do dicionário, o seguinte:

Cliente (Lat. cliente, protegido), s.m. e f. plebeu que, entre os Romanos, vivia da protecção e favores do patrício; pessoa protegida: apaniguado; doente em relação ao médico; constituinte em relação do advogado ou ao procurador; freguês

Apesar de todos considerarem a última definição (freguês) como a mais corrente, não devemos descurar as anteriores.

  • Um cliente é um plebeu pois raramente sabe muito. Principalmente, é raro saber o que quer.
  • Um cliente é uma pessoa protegida. Infelizmente, assim o é, e por nada mais nada menos que pelas pessoas que lhes fazem os trabalhos, vulgo, nós.
  • Um cliente é, fundamentalmente, um "doente" que não sabe o que quer mas que, acima de tudo, julga que sabe o que quer. Tudo faz para dificultar a vida a quem para ele trabalha. Por isto tudo, devia ser um "constituinte" perante um advogado.
Vamos aqui, neste blog, explorar as características que tornam um vulgar mortal num temível e arrogante cliente. Tal como o mais pacífico dos transeuntes se torna num implacável assassino do asfalto mal se vê por trás de um volante, qualquer um se pode tornar numa criatura detestável, exigente e quase totalmente desprovida de bom senso: o cliente.

Exponham aqui as vossas experiências/desventuras. Comentem as experiências/desventuras uns dos outros. Façam deste blog o vosso escape, o vosso saco de pancadas, as vossas bolinhas chinesas de relaxamento. Pelo menos eu vou fazê-lo...